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Malévola, a ressentida

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A personagem mais cruel e impiedosa da Disney, no filme agora aparece como uma vilã que se tornou assim por causa de uma decepção amorosa, destituindo o papel, até então, sustentado pelas produções daquela que era a maior malvada desde a década de 50. Angelina Jolie entrega o seu charme e brilho, desempenhando a personagem principal, Malévola, que aparece agora extremamente produzida, com chifres e vestida de preto.

Foi a própria atriz quem produziu a personagem e fez questão de cuidar de cada detalhe. Ela, por si só, é um bom motivo para assistir ao longa. A atriz Elle Faning faz o papel da Bela Adormecida e consegue atuar bem.

É importante frisar que a produção do filme avisou que essa é uma história mais “moderninha” de Malévola. No entanto, fica a dúvida se a crueldade original não era mais interessante do que a Disney pretendeu reinventar nesta versão.

Ultrapassando os 200 milhões de dólares no orçamento, Malévola deixa perceptível o investimento nas tecnologias 3D, que aparece aos montes no filme, acompanhado de imagens digitais, efeitos visuais, pirotécnicos e diversos efeitos sonoros.

Depois de os diretores Tim Burton, David O. Russel e Davi Yates terem recusado o posto oferecido pela empresa, coube a Robert Stromberg dirigir o filme – ele é mais conhecido pelos efeitos visuais de Avatar e Alice no País das Maravilhas. Talvez tenha faltado o “toque de gênio”, que Stromberg não conseguiu oferecer.

A história original do clássico permanece, com os mesmos elementos, como o dedo furado, a maldição do sono feita por Malévola e o beijo do príncipe encantado, interpretado agora por Brenton Thwaites. Sharlto Copley, no papel de Rei Stefan; Sam Riley, como o personagem maldoso Diaval, Juno Temple, Imelda Staunton e Lesley Manville compõem o elenco do longa.

Nesta versão, a Disney justifica a crueldade de Malévola devido a ela ter sido traída pelo pai da princesa Aurora, sendo a personagem uma mulher ressentida e, talvez, não tão maniqueísta como se pensava até hoje. A atuação de Jolie é muito bem desenvolvida, porém, no filme falta um pouco daqueles toques de comédia que a produção da Disney costumava sintetizar em seus personagens vilões.

O que o telespectador pode ver no longa é que Malévola se leva muito a sério, sendo difícil aproveitar-se de momentos para rir durante o filme de Stromberg. Falta, também, o encanto das fadas Thistletwit, Knotgrass e Flittle, que substituíram o clássico trio Fauna, Flora e Primavera.

Apesar do talento de Fanning, a Bela Adormecida passa o mesmo ar insosso de garota ingênua demais e que nem se dá conta de que é o próprio pai um dos vilões de sua história. Aliás, tem várias coisas que a personagem nunca percebe, e isso pode parecer meio irritante, já que se trata de uma versão modernizada.

Apesar de o filme ser bom e justificar a sua presença no cinema, pela inovação, Malévola passa um sentimento de que a Disney, novamente, se empenhou mais em passar um novo sentimento moralista do que em contar uma boa e nova história.